la loba.

Texto escrito em 9.ago.2018
Hoje eu relembro quem eu sou.
Os meus desejos e vontades. Os meus detalhes.
Amar o antigo. Músicas, filmes. Almejar o novo. Conectar o lado oculto e a revolução. Chorar ouvindo ‘do you hear the people sing?’.
Ter curiosidade sobre os meros detalhes. Valorizá-los. Adorar cinema e tagarelar. Saber que a intuição nunca falha. Nem sempre ouví-la.
Ser apaixonada por tortas com massa amanteigada. Ter viajado alguns países diferentes. Ter me apaixonado em cada lugar em que eu prestei ATENÇÃO. Me apaixonar a cada dia que acordo.
Papelaria. Fazer lista de sonhos.
Estar rodeada de amigos. Fazer conexões entre eles.
Ficar sozinha, lendo, pensando, ouvindo o que tem aqui dentro. Ouvindo a música da alma.
Contemplar a natureza. Saber que ser bruxa é valorizar a história de nós, mulheres, e nossa relação sagrada com tudo à nossa volta. Tentar ser bruxa, um pouquinho, todo dia.
As pessoas que encontrei. As histórias que vivemos juntos. As caras à tapa que eu dei, pra ver onde ia dar. Voltar. Ir de novo.
Aprendendo a achar tudo isso lindo. A olhar pra minha história e amar, de verdade, cada minuto que me faz mais eu.
“Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta que, hoje, eu me gosto muito mais, porque eu entendo muito mais também.”
Seguir.

let’s pretend

Texto escrito em 7.ago.2018
Eu sinto falta de sentir você.
Seus pés juntos aos meus
O quão em casa eu já me sinto ao sentir o seu cheiro
A sua barba na minha nuca
Sinto falta de ver de pertinho você ajeitando o seu bigode
Os seus olhinhos apertados e o seu sorriso satisfeito
Ao me ver por cima de você, rebolando em você, pra você
Por nós
Sinto falta de assistir você dobrar suas meias
E da gente abraçadinho vendo o pôr do sol lilás da sua varanda
Quando parecia mesmo que o sentimento tava lá, e que ele ia ficar
Quando a nossa maior preocupação era,
na hora de ir embora, ficar com saudade.
Eu não posso mais sentir você.
A vida disse que era hora da gente aprender a ficar só.
Eu quero aprender. Mas queria poder aprender contigo.
Queria poder mostrar pra você o quão autêntica eu sou
E que isso bastasse pra você me amar. Igual “gente grande” faz.
Amar.
Eu sei que mereço esse lugar. De mim mesma, mais que tudo.
Mas também de alguém que queira também. Não porque quer me possuir, mas porque do meu lado se vê multiplicado, assim como eu vejo.
Vamos começar de novo?
Let’s pretend we never met.
Let’s start all over again.
Let’s start over in other dimension
Where all we have to do is exist
Be
And I don’t have to see you but not touch you
Hug you but never jump on your lap again
Kiss you so tightly
That I lose my breath just thinking about it.

guarda

Texto escrito em 11.set.2018
quando te esqueci
eu te admirava quando te achava “mais” feio
porque assim podia fingir que não te gostava mais
tanto
eu cantei todas as canções de amor bem alto
como se fossem pra mim mesma
até que se tornaram
e você não passou de uma lembrança boa de tardes de domingo

o que ME importa agora.

Texto escrito em 22/04/2017.
Uma vez escutei sobre a importância e o poder de respeitar nossa própria vontade. Acima de tudo.
Na época, aquilo me pareceu uma ideia e tanto, mas achei que eu já estava no caminho, e que não tinha chance de eu não fazer aquilo. O que não é verdade, já que somos meros mortais e podemos voltar a cair pelas mesmas coisas.
Ouvi também, naquele dia, sobre a importância do perdoar. O outro.
Mas precisava ouvir também a importância de perdoar a si mesma. Porque CADA vez que caio, parece que o mundo cai comigo. Que as expectativas me dominarão e me engolirão. E eu nunca mais vou me encontrar.
Eu vivo, aliás, escutando coisas por aí. Todos os dias, existem um milhão de coisas que DEVERIA fazer, PRECISA fazer.. Escutamos isso mesmo das pessoas que estão aqui para ajudar no auto-desenvolvimento (que agora surgem aos montes em cada cantinho da internet), e muito pouco escutamos da importância de respeitar o seu próprio processo, de conseguir lidar com suas dores (e se não, tá tudo bem) e com suas conquistas, porque elas virão.
Eu vivo me perdendo em relações amorosas. Aparece alguém e eu começo a alimentar expectativas de que, ESSE SIM, esse vai me tirar da carência que sinto por me sentir sozinha, porque todo mundo tem, né? “Todo mundo” já encontrou alguém especial. E eu ainda não tive UMA história bonita sequer..
E a história se repete. O cara sente que algo está errado, e corre pra longe, apesar “do problema não ser” eu.  E eu confirmo a ideia constante de que EU NÃO SOU SUFICIENTE.
Não consigo nem vou conseguir achar ninguém pra dividir as alegrias do meu dia ou ficar olhando a chuva bater na janela, ou qualquer coisa mega clichê que envolva relacionamentos.
Que eu ainda não descobri. Ainda não tive essa chance.
E ninguém entende muito. Eu sou tão legal, tão bonita, tão inteligente, sei de tantos assuntos…
Mas aparece uma possibilidade e me deixo dominar por ela.
E não tenho conseguido viver o que REALMENTE pode vir dela. Que pode ser nada, que pode ser um aconchego no peito mesmo quando eu achei que fiz tudo errado..
Mas nos filmes não é assim, nem nos livros, nem nas histórias dos outros…
so WHAT?
Claro que nunca vai ser igual. A minha história vai ser ÚNICA. E é muito lindo que seja. Não tem nada de errado em querer que seja sobre mim, e sobre esse cara que vai surgir na minha vida. Não é egoísta, nem idiota ou pouco importante.
Talvez eu seja a única das minhas amigas que não tenha namorado. Eu tô vivendo os meus processos. Eu tô trilhando meus caminhos, quando um monte de gente disse pra não fazer, olhou torto… E eu me sinto feliz por isso. Eu fiz muita coisa bacana, mesmo que para o que está posto não foi grandes coisas.
Eu sempre gostei de escutar as pessoas, de ouvir histórias.. Mas, em algum momento, isso passou a ser meu norte quando, na verdade, só EU posso ocupar esse papel.
É A MINHA VIDA.
Meus pais sempre fizeram tudo pra mim, mas o preço da expectativa e da cobrança que vem disso é muito maior do que qualquer pessoa deveria estar disposta a pagar.
Mudar a referência. De externa para INTERNA. O que EU quero? O que faz sentido para MIM?
Agradeço de verdade por tudo o que foi importante ouvir e viver de acordo com as opiniões dos outros. Me fizeram perceber cedinho, com 26 anos, o que eu NÃO quero pra minha vida.
Sempre admirei a autenticidade como uma das coisas mais bonitas a ser. É o caminho que EU escolho pra ter autonomia, algo que sempre desejei também.

Você vai se encontrar, de alguma maneira

Texto escrito em 22/12/2014.
Busco algo extraordinário
Que faça cantar em mim poesia
Prosa ou um verso ou verão
Que seja.
Algo que traga pra mim mudanças
De dentro, de fora, do meio, do fundo
Que sejam pequenas ou transformadoras
Feito fênix, me consumam, me arrasem e me façam renascer.
Que liberte, que traga solitude e aceitação.
Que me faça me perder e me achar em mim.
Às vezes o mundo faz tanto barulho
Que me perco na estrada
E quero desistir. Acho até que não mereço.
Mas esse algo que busco já está em mim
E me instiga tanto e me lembra tanto e me transforma e tanto
Tão intensamente e todo dia
E me recorda que a chance dessa vida é única
E que ele é só o amor, e não o bicho-papão/medo.
Que a busca não é por ele. Não é o amor em si.
São só os caminhos por onde ele se manifesta e vai chegando em mim.
É um lugar, uma música, uma  pessoa..
O importante é ter a leveza de deixar que tudo me encontre.

Eu | Você.

Acho que a gente vai acabar.

Blau!

Saca? E não vai ser aquele finzinho, mais ou menos, meio morno, que a gente às vezes vê na tevê. Vai ser fim decisivo, enormes hiatos, inteiros, como de um filme ruim pra sua continuação. Novela mexicana é pouco.
Quer dizer, a gente entende tudo isso. Somos seres moralmente ~avançados~~, sabemos que isso acontece mesmo, e tá tudo bem.
Mas.. você queria? Porque você sabe que eu não. Porque eu sei que quando quero dar cabo de alguma coisa, não tem volta. Por mais que eu ame, o tamanho da parede emocional que construo é inversamente proporcional ao fundo do poço que eu vou por amor à alguém. Paixão é pouco.
Estamos (olha só!) crescendo. Cada dia é um novo passo, uma nova conquista nessa fase decisiva da vida. E já faz algum tempo que estamos sempre lá, cara a cara, ombro a ombro, nas decisões, choros, alegrias e tropeços um do outro. Mais que namorados, muitas vezes. Gargalhadas histéricas, intimidade intensa, conquistada na primeira olhada, por mais que pareça, aos outros, que tenha sido na porrada (talvez, também).
Talvez, pensando bem, a resistência seja por querer manter o conforto. A verdade é que já não me sinto à vontade, por mais que eu queira. A casa não é mais minha, os risos cessaram, a intimidade secou. Talvez, pelas loucuras do tempo, pelo passar das horas, pela falta da rotina – que, te afirmo: quem diria?, poderia nos salvar do precipício. 

Ritual

Para ler ao som de 
Você
me
inebria
os sentidos.
Por vários momentos ao longo do dia perco minha mente ao entrar em contato com a tua imagem em sonhos, que de tão lúcidos me fazem questionar a sensatez.
Me sinto fraca.
Será que é porque me dou tanto – e me perco em outros tantos?
Esperava que, com você, isso passasse. Que dessa vez eu conseguisse me manter no eixo pelo menos em 3/4 das horas… Que seria esse um daqueles relacionamentos saudáveis, que são bonitos tanto pra quem tá dentro quanto pra quem tá fora. Mais de adulto, menos de moleque, sabe?  Finalmente passando para a próxima etapa! Que você me faria mais bem que mal, que seria um amor gostoso, fácil, que eu não teria que me podar com você: pensar no que vou falar, nem passar pelo mesmo esquema de sempre. O velho ritual que já estou acostumada, mas não gosto nada nada.
Afinal, sou eu a culpada? Já que a história se repete… Eu, permissiva à ponto de perder a cabeça em qualquer paixão com que topo por aí?
Penso tanto e sempre chego ao mesmo ponto: é essa voracidade com a vida, com as descobertas, com as pessoas.
Não sei me encontrar senão em tesão, paixões, emoções. Pode rir, é que eu sou meio bruxa mesmo.
Quero contato, conexão com o oculto, as energias faiscantes desses choques de almas.
E broxo quando encaro a morosidade da gente. Como se vive nesse quase?
Como você, depois de tantos fluidos & promessas trocados, se abstém?
Não faz isso. A gente aprendeu junto que a vida só acontece pra quem se dá.
Tô te esperando. Nesse tempo, me reinvento a cada minuto, me renovo a cada pensamento, a cada gota de água do chuveiro que recai sobre o meu corpo – aquele mesmo que foi seu há dez minutos – pra que você não queira ir de vez quando a minha loucura te atingir em cheio.
Me espera?
Se não quiser, não se engane: eu não vou entender. É que pra mim, não serve. Sei que deve estar acostumado com aquelas princesinhas de torre de papel, que desmoronam por dentro mas permanecem impassíveis por fora, e eu não vou fingir que sou uma dessas só pra você não se assustar. Eu vou é esmorecer por dias, te xingar por todos os nomes que sei, e, finalmente, te ligar até você atender só pra dizer: Você quem perdeu.
E não vou precisar pronunciar nenhuma sílaba mais pra te convencer. Você tem plena consciência disso.
Permitir que nossos desejos, tão latentes um do outro, se resumam a qualquer coisa que não a um amor arrebatador só vai atestar que você é mais um pra soma de todos os caras que passaram por aqui: fraco, submetido, covarde, desonesto.
Toda energia sendo desperdiçada.
What a pity.

Uma questão de se permitir

Pois é..
Foi assim.
Feito carta marcada, destino, os astros ou qualquer coisa do gênero: você apareceu na minha frente, me destituiu daqueles meus velhos conceitos, me reacendeu os sonhos. Me desnudou a alma com o primeiro olhar trocado no centro da antiga cidade.
Dentre outros tantos comuns, você — só você — teve a audácia de vir e me dizer que é de igual pra igual, que entre a gente é pele na pele e milhares de sorrisos consumindo por dentro – sem precisar me pronunciar uma palavra.
Eu aceitei o desafio, mas relutei: sempre vejo o contrário acontecer. Estava era cansada, mesmo com a pouca idade. Tentei arrumar uma desculpa pra ter preguiça de você também. Mas não pude, vi que era o mesmo que desanimar de mim.
É assim.
Feito espelho, meu pressentimento se confirma – a gente se conhece de antes. Eu manifesto e você diz: Eu sei.
A gente se atraca, não dá espaço pra respirar ou correr: se entrega & devora. Com os olhos, com a boca, com as mãos, com os corpos. Over, over and over again.. Que horas são? Hora de engolir você. Danem-se os trabalhos e os jogos. Eu, você, aqui, agora. 
Infinitos oroboros perdidos no limbo, espaço-tempo. 
Te prepara, você diz.
É assim que você quer? Então vem.
Vem, que penso em cada respiração sincronizada, nos movimentos simulados por nós, e meu corpo se perde. Minha mente se esvai com a possibilidade de recriar. Cada som reunido nas memórias já tem necessidade de ressurgir, de escapulir por entre os nossos dedos entrelaçados e desenhar na pele palavras que só tem sentido pra nós.
A cumplicidade naturalmente flui, como a gente já sabe.
– Quero
– Quero também
– Preciso
não porque me falta
mas porque nos pertence
Vai ser assim.
Mas faz o favor de não demorar, porque eu vou querer cantar uma música qualquer com você, rir e me encantar, embalar uma dança, te cravar as unhas e te sussurrar palavras inaudíveis.
Porque a gente sempre soube. A vida é uma questão de se permitir.

If I were a boy.

Para ouvir ao som de (claro!)
Eu ajo feito homem.
Eu externo uma necessidade de controle, de pulso firme. Criei uma crença interna de que preciso disso pra ser alguém que é reconhecida e respeitada pelo sexo masculino.
“Preciso fazer o que eles fazem pra me admirarem.”
Preciso ser decidida, sem firulas; preciso beber tanto quanto eles, porque assim não vão ligar tanto pras minhas gordurinhas ou certa falta de sagacidade ou delicadeza; preciso dominar os assuntos masculinos: futebol, bebida, falar de sexo despudoradamente… preciso me destacar, preciso ser diferente das outras.
Das meninas fúteis, das que só pensam em homem, em viver pra um, das que fazem escândalo por uma barata que tá do outro lado da rua. Eu não tenho tempo pra isso. Eu vou perder a minha vida, a minha ânsia de engolir o mundo, nesse lugar que tenta me encaixar em situações que não me cabem, que nunca fizeram nem fazem sentido pra mim. Essas frugalidades.. Essas, que tanto critico, mas me vejo caindo nelas. De novo, e de novo. Num ciclo vicioso, os venenos me tomam os sentidos, me dão o nó na consciência e tudo o que eu pensei nos momentos de arrependimento e reflexão somem: eu quero mais. Quero experimentar mais, quero possuir qualquer coisa que vejo pela frente: homens.
Quero contato, passo tanto tempo só, porque não? Sexo: é gostoso, é fácil, é tranquilo, é indolor, não tem preocupações com sentimentalidades no dia seguinte.
Então eu parto pro ataque: escolho a ‘vítima’ (tem que me agradar fisicamente), me aproximo com um sorriso mais fácil ainda, lanço um papo qualquer – que a mente torpe pelo álcool decide escolher -, e disparo.
Opa, esse não quis.
Próximo!
Esse quer, e tá tão bêbado quanto eu. Mas esse eu não conheço, nunca vi, o contato físico e emocional não é o suficiente. Uns beijinhos e só.
– Cadê o carinha que não vale nada mas eu sei que me quer? Ah, ali!
O script segue. Esse vale tão pouco que nem ser educado comigo ele acha que precisa. Respeito, comigo, pra que? Foda-se. Meu amor próprio não cede.
Saio chorando pra única pessoa que me conhece no lugar, e acabo vendo um menino que sempre achei bonito, mas, igualmente, sempre esteve namorando. Reclamo que não tenho como voltar pra casa. Ele oferece a sua.  Me animo com a possibilidade de poder carregar o celular e chamar um táxi de lá, e mais ainda de poder aninhar a minha carência nos braços tatuados dele. De volta à outra crença: Ele é progressista, deve se importar com o meu prazer.
BUM.
Outra decepção pra minha coleção. Eu bêbada, ele sóbrio: eu me esforçando, ele pensando em si, 5 minutos e um sorriso amarelo: “já gozei hehe.”
Eu deito nua no colchão no chão, ele na rede. Tão vulnerável e triste, tão culpada por entregar o meu corpo, a minha disposição, pra alguém que fez tão pouco caso de quem eu era.. Me tratou, afinal, como qualquer uma. Assim como eu também o tratei, então não posso reclamar. Ou posso? Claro. É automático.
Vou embora, não sei se com mais raiva de mim ou dele.
Peraí! Dele, claro: um merda, podia ter evitado, sabendo que eu estava mal.
Por todo o fim de semana, a culpa me corrói: “você se expõe demais.” Tento afastá-la, digo que vou aprender, que dessa vez vai ser diferente, que eu vou mudar.
Mas a verdade é que nunca me ensinaram a ser diferente. Nunca aprendi a saber o que querer e esperar dos relacionamentos.. Nunca tive referências dos meus pais nesse sentido, sempre foi assunto proibido.
Adorava ouvir minhas primas contando os detalhes picantes dos relacionamentos delas, mas a parte do romance não me interessava: sempre muito confusos.. não fazia sentido: porquê tanto trabalho? Pra que tanto desgaste? A vida tem tanto mais pra ser!
O que aprendi nos livros foram uma série de clichês que tampouco me serviam de inspiração. Eu não entendia porque eu deveria ser “difícil” se eu também queria ficar com o cara. O que é se valorizar? É não aceitar ser tratada como VOCÊ interpreta como agressivo. PRA VOCÊ, e não o que um molde pré-determinado te diz.
Eu não aceito que me tratem feito nada. Feito algo descartável. Não aceito mesmo! Reclamo e ponho banca!
Tais quais os homens. A diferença é que eu não sou um. Eu fui criada numa lógica em que a moça é frágil, merece e tem de ser escolhida, e não escolher. Fui bombardeada com essas ideias por todos os lugares, o tempo todo. “Você não pode agir assim!” E quanto mais eles diziam que eu não podia, mais eu queria enfrentar e peitar o imposto. Não dar satisfação, ser dona da minha liberdade – tudo o que sempre busquei.
E nessas contradições eu me perco, finjo pra mim mesma que me protejo de um amor qualquer; de ser, mais uma vez, ferida e desvalorizada quando entrego tudo de mim. Porque sim, eu me apaixono, penso numa pessoa só, faço planos, quero ser presente, me faço presente.
É só assim que eu sei ser: inteira, entregue, confusa mas racional.
Parece que nunca é o bastante.
Alguém que me entenda e cuide de mim, apesar das aparências?
Tem me parecido que, por quem sou, é pedir muito.
Mas não quero ser pessimista: Continuo num exercício dia-a-dia de aparar as arestas, de encontrar o melhor de mim, de me dispor à dar o meu melhor pro mundo também.
De gente que não se dispõe à isso a vida já tá cheia.
 Essa é minha pequena contribuição pra sociedade: autenticidade.

Pequeno retrato de uma epopéia moderna

Para ouvir ao som de:

Queria poder dizer que não penso em você.

Nunca.

Queria poder bater no peito e dizer “Eu e QUEM? Não me lembro.” Que nem aquela música da Luka, sabe? “Já nem lembro teu nome, teu telefone, eu fiz questão de apagar…”

É quase uma verdade. Uma verdade que amarga num certo orgulho, realmente. Orgulho que eu sempre acreditei que não tinha…

Na maior parte do tempo, meu pensamento se volta para o que tenho à fazer, à realizar, aprender, experimentar.

Quem vou conhecer amanhã, dentre as 6 bilhões de pessoas no mundo?

Queria poder programar meu pensamento 100% na possibilidade do novo.

Mas o que quero não se materializa quando eu vejo alguém que parece você, anda como você, sorri como você.

Mas não é você.

Me dá suporte, mas não tanto quanto você. Não entende tão bem o que penso e quero tanto quanto você. Você, que me enxerga em milhares de versões diferentes, mas capta minha essência mesmo assim.

E ficava, porque eu era o mesmo pra você.

Porque eu tava lá, quando tudo mais parecia maluco. Era teu porto seguro, teu pontal. Um farol. Pra segurar a tua mão, te abraçar apertado e dizer no teu ouvido: “Tá tudo bem. Vai ficar tudo bem.”

E eu mais uma vez descubro que eu amo, sim. Lembro que você veio, abalando todas as convenções, tudo o que eu pensava que sabia.. e me mostrou que eu podia amar e ser amada.

Que é amor, afinal de contas.

Mas, então, afinal, além disso.. o que fazer? Não preciso mais pensar pra saber: Não adianta brigar com o tempo, com o passado, com o destino ou o que quer que seja.

Tal qual uma epopéia grega, ainda esperamos pelo desfecho – nós, filhos de Ares, estamos de mãos atadas.

Agora quem manda é Chronos. Só nos resta deixar fluir.